A lebre, o elefante e o hipopótamo
(Guiné-Bissau)
A lebre encontra o elefante; desafia-o, dizendo que é mais forte do que ele. Para o provar, diz, vai buscar uma corda para eles puxarem.
Embora subestimasse o corpito da lebre, o elefante aceitou.
Em seguida, a lebre vai ter com o hipopótamo, na margem do rio. Desafia-o também, dizendo que é mais forte do que ele. O hipopótamo olhou também para a lebre com desprezo, mas aceitou o desafio.
A lebre vai logo buscar uma corda comprida, dá uma ponta a cada um, com instruções para puxar, quando ela começar a puxar.
Assim que deram por um esticão, começaram a puxar; a força era igual, mas depois o elefante levou a melhor. Quando se encontraram cara à cara, perceberam que foram enganados pela lebre. Ficaram irritados e acordaram que o primeiro que vis- se a lebre, devia pôr-lhe a pata sobre a cabeça e esmagar-lha.
Assim que a lebre soube do acordo apressou-se a ir buscar a pele de uma gazela e vestiu-a. O elefante veio a passar por aí, e perguntou à gazela se tinha visto a lebre, pois que andava à procura dela para a matar. Disse-lhe a gazela:
- Cuidado com a lebre. Tivemos uma pequena discussão, mal me apontou o seu dedo, fiquei doente.
- Só com o seu dedo? - perguntou o elefante. Respondeu-lhe a gazela:
- É verdade. Só com o seu dedo.
Ouvindo isso, o elefante voltou para casa, e não procurou mais a lebre. Mas esta não chegou a encontrar-se com o hipopótamo. Por isso, até hoje, a lebre não se atreve muito a andar à beira do rio, para não dar com o hipopótamo.
Benjamim Pinto Buli, in O Crioulo da Guiné-Bissau
Exploração
1. Solicitar às crianças que descubram nomes de animais que comecem pelas letras “e”, “h” e “l”.2. Escrever o nome dos animais no quadro.
3. Assinalar, no quadro, o nome dos 3 animais da história.
4. Leitura da história
5. Realizar o seguinte Jogo:
• A contadora escreve nomes de animais em pequenas tiras de papel.
• Dobra os papéis e coloca-os num recipiente.
• Cada criança tira um papel e lê o nome do animal sem mostrar aos colegas.
• Imita a som emitido pelo animal e o andar dele.
• Os colegas tentam adivinhar o animal que se está a imitar.
6. Lengalenga
Corda,
Cordinha,
Cordel,
Cordão,
Já salto,
Bem alto,
Já saio,
Do chão!
O casamento da raposa
(Moçambique)
Vocês querem saber como apareceu o arco-íris?
Então leiam bem a história do casamento da raposa.
A raposa estava cansada de viver sozinha e então resolveu casar. E sabem com quem? Quem havia de ser! Com o lobo.
Foi uma novidade para todos os bichos da floresta.
O papagaio dizia: - Não vai durar este casamento!
E o periquito: - Aposto em como o noivo dá cabo da noiva logo no dia do casamento!
- Antes só do que mal acompanhada - resmungava a rola.
Mas apesar de todos os comentários, o casamento ia-se realizar e começaram a chegar os presentes, cada um melhor do que o outro.
E o leão? Quando é que ele ia mandar o seu presente?
Como ele era o rei dos animais, o seu presente tinha de ser o mais bonito.
Então o leão foi ter com a raposa e disse-lhe:
- Dona raposa, pode escolher: dou-lhe de presente um dia de chuva ou um dia de sol para o seucasamento. Eu sou rei - posso mandar até no tempo.
- Lá isso é verdade - concordou a raposa e com quem pode não se brinca ...
- Pois então, escolha - mandou o leão.
A raposa, como vocês sabem, é muito esperta. Ficou sem saber o que pedir. Com sol a festa seria mais animada, mas dizem que chuva em dia de casamento dá sorte ... então saiu-se com esta:
- Rei é rei. Pode dar de presente um dia de sol ou um dia de chuva... é pena que não possa dar as duas coisas ao mesmo tempo!
O leão ficou zangado e perguntou à raposa se duvidava dos seus poderes. A raposa calou-se, não respondeu mas fez uma cara de quem duvidava.
Então o leão disse:
- Pois vou fazer o que deseja. No dia do seu casamento haverá sol e chuva ao mesmo tempo! Afinal sou ou não sou o rei dos animais?
E o leão cumpriu a sua promessa.
No dia do casamento da raposa um lindo sol brilhava sobre a festa, mas à volta uma chuvinha enfeitava o lugar formando um arco-íris.
Sabem? Até o leão ficou contente com a ideia da raposa.
E ainda hoje, quando há sol e chuva ao mesmo tempo e aparece o arco-íris, já se sabe que se está a casar uma raposa.
Isabel Martins, in Colecção Periquito, n.º 3
Exploração
1. Leitura da história2. Realizar o seguinte Jogo:
• A contadora divide o quadro em 8 partes.
Em cada uma escreverá: raposa, lobo, papagaio, periquito, leão, chuva, marcha nupcial, ficando uma em branco.
• As crianças inventam um som para cada uma das palavras.
• Combinam repetir esse som três vezes e vão reproduzindo esses sons à medida que a contadora aponta para o quadro, respeitando também os brancos com silêncio.
3. Realizar uma actividade ligada à Língua Portuguesa:
Escrever no quadro
Forma palavras que são as cores do arco-íris
A _ _ l
A _ _ r _ _ _
L _ l _ _
A n _ _
L _ _ _ _ j _
V _ _ d _
V _ _ _ _ l h _
4. Realizar uma actividade ligada à Matemática:
- Eram 100 convidados no casamento.
- Para escreveres todos os números de 1 a 100, quantas vezes utilizas o algarismo 9?
Resposta: 19
O porco e o javali
(Angola)
Era uma vez um porco e um javali, muito amigos. Um dia, o porco procurou o amigo e disse-lhe:
- Vou para a aldeia viver com os homens.
- Porquê? - perguntou o javali admirado.
- Porque aqui, no mato, só há plantas amargas e lá conseguirei sempre a comida que os homens comem - afirmou o porco.
- Não faças isso, meu amigo. Olha que, na aldeia, os homens detestam os animais e tu podes morrer! Acho que deves pensar melhor antes de te decidires - aconselhou o javali.
- Tenho muita pena em deixar-te, mas eu já decidi: vou para a aldeia.
E, sem esperar resposta, partiu.
Chegado à aldeia, meteram-no num chiqueiro onde vivia uma porca. Passado algum tempo tiveram 8 filhos, Então, como já tinha deixado descendentes, o povo resolveu matá-lo. Ao ser abatido, o porco, a guinchar, pensou no conselho do javali e na sua teimosia. Agora estava a morrer...
No dia seguinte, o povo saboreava já a sua carne.
Conto tradicional angolano
Exploração
1. Leitura da história2. Realizar o seguinte Jogo:
• As crianças são dispostas em quadrado ou em círculo.
• Dentro de uma meia é colocado um alimento que sirva para alimentar os porcos (batata, feijão, milho, Castanhas).
• A meia com o alimento é passada de mão em mão e cada um escreverá num papel o nome do que julga estar dentro da meia.
• Colocam-se outros alimentos dentro da meia e procede-se da mesma forma.
• No final, a contadora escreve, por ordem, a lista dos alimentos que as crianças registaram e estas comparam com as suas respostas.
3. Lengalenga
Porquito, papa a papinha,
papa-a ao pé do papá.
Papinha, papa de pão.
Se o porquito não papa,
o papão papa o porquito.
E o porquito
já papa a papa
para que o papão
não o pape.
O mentiroso
(Guiné-Bissau)
Era uma vez um homem que gostava de mentir. Mentia para os vizinhos e para toda a tabanca.
Um dia, ele mais outras pessoas foram escolhidos para participarem numa reunião com o rei daquela província.
Durante a viagem encontraram uma cabeça de cobra que lhes perguntou:
- Para onde vão?
Rapidamente o mentiroso respondeu:
- Nós vamos assistir a uma reunião com o rei. Então a cabeça de cobra respondeu-lhes:
- Assim que chegarem, digam ao rei que a cabeça de cobra lhe manda muitos cumprimentos e que espera que saiam boas resoluções da reunião.
A partir daí, o mentiroso arrancou a passos de corrida, só parando no local da reunião.
No final, o mentiroso também pediu a palavra e disse:
- Rei, durante a nossa viagem para cá, encontrámos uma cabeça de cobra que me pediu para apresentar os seus cumprimentos ao Rei e votos para que saiam boas resoluções desta nossa reunião.
- Então, que mentira é essa, exclamaram todos os participantes ao ouvirem o mentiroso transmitir o recado da cabeça de cobra.
Para se certificar se era ou não mentira, o rei decidiu mandar alguém à procura da cabeça de cobra com o objectivo de a trazerem à sua presença.
Logo que ela chegou à conferência, começaram a fazer perguntas à cabeça da cobra mas esta não abriu a boca uma só vez. O rei, já desesperado, virou-se para o mentiroso e disse:
- Ouve, mentiroso: vais perguntar à cabeça de cobra qual o recado que ela mandou para mim. Podes perguntar até 10 vezes. Se no fim do interrogatório, ela permanecer calada, podes estar certo que te mataremos por teres mentido!
O mentiroso então começou a fazer perguntas à cabeça de cobra.
Mas a cabeça de cobra continuava calada. E o mentiroso foi insistndo uma, duas, três, quatro vezes e começava a ficar aflito pois já estava quase a chegar à décima pergunta e a cabeça de cobra continuava sem falar.
Até que, quando lhe fez a nona pergunta, a cabeça de cobra respondeu:
- Sim, fui eu que mandei o recado ao Rei!
O mentiroso apanhou um susto tão grande que desde essa altura nunca mais voltou a mentir.
in Era, Era, ... Contos Tradicionais
Exploração
1. Mostrar a ilustração da história e solicitar aos alunos que antecipem o seu conteúdo.
2. Leitura da história
3. Escrever as seguintes palavras no quadro e solicitar que as ordenem:
cobra O viu a mentiroso
4. Lengalenga
Tu que me enganas,
Eu que te entendo.
Mas tu não entendes
Que eu entendo
Que me estás a enganar.
Deus e a lebre
(Guiné-Bissau)
Um certo dia a lebre procurou Deus para lhe pedir mais esperteza.
Deus então disse-lhe:
- Se é o que tu queres, vai e traz-me um saco com abelhas.
A lebre saiu rapidamente e foi combinar com o chefe das abelhas:
- Quando eu vier buscar as abelhas, elas devem negar-se a acompanhar-me.
Depois a lebre procurou Deus e explicou-lhe que queria trazer as abelhas, mas elas tinham-se negado a vir.
E Deus disse à lebre:
- Então vai, mas desta vez traz-me uma jibóia.
No dia seguinte a lebre explicou novamente a Deus que a jibóia também se tinha recusado a acompanhá-la.
Porém, como a lebre continuava a desejar mais esperteza, Deus propôs-lhe:
- Traz-me uma coisa que faça uma pessoa gritar "ai"!
Imediatamente a lebre saiu à procura dessa coisa.
Andou, procurou, andou até se cansar e não encontrou.
Para repousar por algum tempo, a lebre resolveu recostar-se a uma árvore. Mas, no tronco da árvore estava uma formiga que a picou nas costas fazendo-a gritar:
-Ai!
A lebre apanhou a formiga e, quando Deus saiu de casa, foi colocá-la no banco em que ele se sentava.
Quando a lebre encontrou Deus, disse-lhe:
- Preciso de contar-te uma coisa! Mas vamo-nos sentar para não ficarmos a conversar de pé...
Logo foram e, quando Deus se sentou no banco dele, a formiga deu-lhe uma picada e Deus gritou:
-Ai!
A lebre explicou a Deus que ali no banco estava o que ele havia pedido. Então, Deus puxou as orelhas à lebre e deu-lhe a esperteza que ela pedira.
in Era, Era,... Contos Tradicionais
Exploração
1. Leitura da história2. Realizar o seguinte Jogo:
• Um aluno pensa numa palavra da história.~
• No quadro faz corresponder cada letra da palavra a um tracinho.
• Os colegas, um de cada vez, dizem letras do alfabeto que pensam estar na palavra.
• Caso façam parte da palavra, o aluno que está no quadro coloca-a no espaço correspondente.
• Vence o aluno que adivinhar primeiro a palavra.
3. Adivinha
Unidos em grande número,
Trabalhamos com ardor,
Colocamos nossos frutos,
Ao serviço do senhor.
Para tanto percorremos,
Todos os prados em redor,
Quando temos a casa cheia
Vêm-nos roubar o melhor.
Resposta: Abelhas
4. Escrever no quadro:______ + te = gordo
______ + lho = cereal
______ + to = animal
------------------------
_________ = animal
Resposta: For + mi + ga = Formiga
O eco
(Moçambique)
Quando a avó Mariana fez anos, a Patrícia Alexandra viu chegar tantos presentes que também lhequis dar um. Mas que fosse lindo, lindo, lindo! E de que a avó gostasse. Só assim é que valia a pena.
«E se eu lhe oferecesse um desenho?», pensou ela. «Sim, é isso, vou presenteá-la com um desenho.»
Maio fez, correu para a avó, deu-lhe um grande beijinho e disse:
- Tome, avó, é uma prenda para si. Parabéns!
- Olé, que bonito! Mas... Mas... Mas tu copias-te isto, Patrícia!
- E então avó, não é bonito?
- Sim, é bonito, mas tem pouco valor.
- E porquê?
- Ora escuta: Um dia, um homem subiu a uma colina e gritou: «Eco!». E o eco respondeu:«Eco!». «És tu, eco?» - perguntou o homem. «És tu, eco?» - respondeu o eco».
- Quem é o eco, avó, é um pateta?
- O eco não é ninguém, Patrícia. É apenas um lugar que repete tudo, tudo quanto a gente diz. Não é «ninguém». E tu não hás-de querer ser como ele, penso eu. Não voltes portanto a repetir desenhos de autoria alheia quando quiseres dar um presente realmente engraçado.
- Está bem, vovó.
E, pronto, está terminada a historinha.
Andrea Bruno, in Colecção Periquito, n.º 12
Exploração
1. Leitura da história2. Realizar o seguinte Jogo:
• A contadora pede a uma criança que produza um som.
• Os outros, um de cada vez, imitam o som do colega.
• Os primeiros vão mantendo o som até chegar ao último aluno.
3. Adivinha
Que é, que é,
que nasce grande
e morre pequeno?
Resposta: Lápis
O trabalho
(Moçambique)
Um dia, 3 meninos muito malandros resolveram não ir à escola. Diziam esses meninos:
- Vamos para o mato brincar. Os animais brincam todo o tempo. Que bom que era ser como eles e não ter de ir à escola!
Então os meninos passaram por um formigueiro e perguntaram se as formiguinhas queriam brincar com eles. Mas as formigas estavam tão ocupadas no seu trabalho que nem os ouviram. As abelhinhas também trabalhavam muito atarefadas.
Viram então um ratinho e perguntaram-lhe:
- Não queres vir brincar connosco?
Mas o ratinho respondeu:
- Não posso, tenho que procurar comida para os meus filhinhos.
O chirico também não podia brincar. Estava muito ocupado a construir o seu ninho.
O coelhinho, que os meninos encontraram, disse-lhes:
- Eu bem gostaria de ir brincar, mas primeiro tenho de lavar o meu focinho e depois tenho que ir procurar comida.
O porco também tinha que fazer. Assim como todos os animais que os 3 meninos malandros encontraram.
Então, os 3 meninos foram até ao rio que corria muito alegre e pediram:
- Riozinho, tu que andas sempre a saltar e a cantar, vem brincar connosco.
Mas o rio respondeu:
- Brincar? Não tenho tempo. Trabalho de noite e de dia, sem poder descansar. Tenho que dar de beber aos homens e aos animais. Tenho que regar os campos cultivados para que as culturas não morram. Tenho que apagar incêndios e fazer tantas coisas, que nem as posso contar, porque não tenho tempo. Adeus. Estou muito ocupado. Adeus.
E os meninos ficaram muito tristes, mas aprenderam uma lição. Aprenderam que todos têm o seu trabalho, a tua tarefa, e que a deles era ir à escola como todos os meninos.
Depois desse dia, os 3 meninos nunca mais faltaram às aulas e estudavam sempre todas as lições.
in Colecção Periquito, n.º 6
Exploração
1. Leitura da história2. Adivinha
Do trabalho somos símbolo
Que se aponta com razão.
Mas ninguém gosta de nós
E até veneno nos dão.
Resposta: Formigas
3. Escrever no quadro:______ + ia = metade
______ + nho = abrigo
______ + ta = dinheiro
------------------------
_________ = rapaz
Resposta: Me + ni + no = Menino
______ + te = gordo
______ + lho = cereal
______ + to = animal
------------------------
_________ = animal
Resposta: For + mi + ga = Formiga